Era mais um domingo de plantão na biblioteca. Um domingo comum como tantos outros.
Aquele senhor de aparência humilde e roupa suja de graxa
despertou minha simpatia.
Muito educado e com um sorriso no rosto, dirigiu-se a mim para solicitar um livro, e puxou asssunto falando da atual situação
política e econômica do nosso país. O comentário foi muito inteligente. Eu pedi um momento e saí para ir até a prateleira.
Ao entregar o livro em
suas mãos, pude sentir o cheiro de graxa e óleo diesel...
Ele apanhou o livro e foi embora.
Eu fechei os olhos por um instante e me veio um turbilhão de
lembranças e automaticamente o rosto do meu pai em minha mente. Meus olhos encheram de lágrimas.
Era como se eu pudesse sentir a presença do meu pai naquele momento. Pude lembrar de
quando eu era criança, de quando ele me punha para dormir, me trazia doces e
gibis, de quando eu ficava esperando meu pai para jantarmos juntos e tantas outras lembranças
boas...
Foi uma emoção tão forte que senti um aperto no peito. Senti saudades de você pai, e me perguntei como seria se você
estivesse aqui. Já faz tanto tempo...
Isso só confirma que não esquecemos. Aprendemos a conviver com a ausência dos entes queridos.
Sou grata por aquele senhor tê-lo devolvido a mim por apenas
por alguns instantes.